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Pai e filha acolhidos no CHA Vida após enchentes no Rio Grande do Sul comemoram mudança para casas temporárias do Governo do Estado

Porto Alegre/RS – Quando a água das enchentes começou a invadir as casas localizadas na Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre, Evaldo dos Santos, de 61 anos, pegou a mão de sua filha, Laura, de 5 anos, e não pensou duas vezes: precisava deixar o local imediatamente. Somente com a roupa do corpo e seus documentos, pai e filha rumaram à estrada, onde puderam aguardar pelo resgate da Defesa Civil do Rio Grande do Sul. 

Evaldo e Laura foram duas das mais de 2 milhões de pessoas afetadas pelas enchentes que assolaram o estado em maio de 2024, obrigando milhares de famílias a deixarem suas casas – algumas, sem poder voltar. Em 11 de julho, após passarem por quatro abrigos diferentes, os dois foram recebidos no Centro Humanitário de Acolhimento (CHA) Vida, localizado na Zona Norte da capital gaúcha, no dia de sua inauguração. 

“A gente nunca imaginou que fosse passar um ano fora de casa. Aqui nós fomos muito bem acolhidos, mas nada é como estar na nossa casa”, explicou Evaldo.
Evaldo

“Sinto falta de poder fazer um pão, porque eu tinha uma padaria. A gente sente falta da nossa casa”, lamentou.

Fruto de uma parceria entre Governo do Estado, a Agência da ONU para as Migrações (OIM), a Fecomércio e as prefeituras de Canoas e Porto Alegre, os três CHAs instalados no RS chegaram a acolher, ao todo, 1.046 pessoas desabrigadas pelas enchentes. Os espaços foram criados como uma resposta emergencial às cheias, tornando-se referência em acolhimento humanitário e oferecendo condições dignas em cômodos separados, refeitório com quatro refeições diárias, espaços para crianças, adolescentes, lazer e animais de estimação, além de lavanderia. 

“Aqui eu me levanto às 6h da manhã, arrumo a Laurinha para ir para a creche. Depois volto, arrumo o quarto, lavo as roupas… É bom porque temos refeitório, a comida é boa, temos a nossa privacidade, mas seguíamos esperando”, relatou Evaldo.  

Ao final de abril, um pouco antes de completar um ano fora de casa, Evaldo e Laura receberam a notícia que tanto esperavam: seus nomes saíram na lista das famílias contempladas para as casas temporárias do Governo do Estado. 

“Ficamos quase um ano parados. Esse tempo aqui foi bom para a gente poder repensar na vida, no próximo... repensar em tudo. E a gente sempre espera o melhor”, relatou Evaldo. “Quando saiu a lista, ficamos muito felizes. Eu acho que, indo para essas casas, vamos ter uma vida ainda melhor do que a que a gente tinha antes”, comemorou.
Evaldo

Moradias temporárias – Construídas pelo Governo do Estado em parceria com as prefeituras, as moradias temporárias foram instaladas em diversos municípios do Rio Grande do Sul, incluindo Porto Alegre e Canoas, onde ficam os Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs). Na capital, são ofertados 80 módulos habitacionais e, em Canoas, 58. 

“Hoje meu sentimento é de alegria. A tristeza já passou. É um momento alegre, poder sair, ir para a casa, voltar à rotina normal. Eu ainda não conheço muito a região, mas quem faz o lugar é a gente. Estou feliz”, destacou Evaldo. “A primeira coisa que vou querer fazer quando estiver na casa é fazer comida, fazer um pão”. 

Com 27m², as unidades são compostas por dormitório, sala e cozinha conjugadas, banheiro, mobiliário sob medida e eletrodomésticos. Durante o processo de realocação, a OIM oferece a logística das mudanças e o provimento imediato de cestas básicas e kits de higiene e limpeza. Além disso, tem oferecido apoio financeiro para compra de mobiliário, utensílios para as novas residências e, a depender da composição familiar, é ofertado um vale-alimentação que pode ser utilizado no período de três meses. 

“Estamos, enfim, no processo final da operação dos Centros Humanitários de Acolhimento. É com a sensação de dever cumprido que vemos cada família reconquistando sua independência após esse acolhimento tão necessário”, completou Sylvia Moreira, coordenadora de emergência da OIM no RS. “Esse resultado só foi possível graças à parceria de sucesso entre o poder público, o setor privado e a OIM, que atuaram em conjunto para encontrar as melhores soluções para as famílias afetadas”.
Sylvia Moreira
Coordenadora de Emergência da OIM no RS

Centros Humanitários de Acolhimento – Evaldo e Laura foram uma das mais de 300 famílias acolhidas nos três Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs), ao longo dos mais de dez meses de funcionamento das estruturas. Para esse projeto inédito no Brasil, a OIM, a Agência da ONU para as Migrações, recebeu a maior doação global proveniente do setor privado em sua história, trabalhando sempre em conjunto com entes públicos. 

“Compreendemos que a articulação entre OIM, Governo do Rio Grande do Sul, Fecomércio e as prefeituras de Canoas e Porto Alegre é um exemplo bem-sucedido de atuação emergencial, com potencial para ser replicado em outras operações no Brasil e no exterior”, destacou Sylvia. “Essa operação se tornará uma grande referência de resposta a desastres”. 

Para além da estrutura de abrigamento, os CHAs foram espaço de reintegração socioeconômica, onde a Organização, ao lado de seus parceiros, pôde oferecer cursos profissionalizantes, direcionamento profissional e mutirões de empregabilidade, com o objetivo de garantir que a transição para a retomada da vida seja acompanhada de oportunidades. 

“Atuamos no Rio Grande do Sul para garantir não somente um espaço de abrigamento digno e seguro, mas também que todos tenham seus direitos garantidos e a esperança de reconstruir suas vidas após a catástrofe”, completou Sylvia.
Sylvia Moreira
Coordenadora de Emergência da OIM no RS
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